sábado, 13 de dezembro de 2008

Ainda há liberais?

No fatídico dia 29 de Outubro de 1929, conhecido como o «dia negro», instalou-se uma crise económica sem precedentes nos Estados Unidos da América. Para muitos, tratou-se de um sinal evidente, a «mão invisível» de Adam Smith que tudo resolvia, falhara. A ilação era simples, o pensamento económico liberal que defendia uma não intervenção do Estado na economia tinha sido posto à prova e falhara redondamente.Assim, foi declarado o fim do Estado Liberal.
Estava aberto o caminho, para a construção de novas teorias económicas, das quais se destacou o pensamento de Keynes. Para a doutrina Keynesiana, a crise de 1929, surgiu porque o Estado alheou-se completamente da economia, negligenciando o seu papel fundamental no estímulo da economia. Mais, Keynes vem demonstrar que não é possível atingir o pleno emprego sem uma intervenção estadual. Este pensamento é reforçado com as duas grandes guerras, pois a brutal destruição da Europa, força os Governos a promoverem um forte investimento público, pois tudo havia para construir e reconstruir. Estamos na fase do Estado Social.
A partir de meados dos anos 70, com epicentro na economia Norte-Americana, volta-se a recuperar o velho espírito do liberalismo. O Estado, deve apenas ter um papel fiscalizador na economia. Não deve, ao contrário do pensamento Marxista, responder a perguntas como: o que produzir? Para quem Produzir? Com que meios? Até aos dias de hoje, tem sido este o pensamento dominante na economia e, porque não dizê-lo, até no desenvolvimento humano. Estamos no Estado Liberal ou Estado Neo-Liberal.
O pensamento que provavelmente atravessa o espírito do leitor, neste momento, será, o de saber o porquê desta breve resanha histórica.
A resposta é extremamente simples. Numa altura, em que toda a gente reclama mais apoios e ajudas por parte do Estado, principalmente por parte daqueles que durante longos anos receitaram o pensamento neo-liberal ou liberal como remédio para tudo, e que lucraram com ele. Impõe-se uma pergunta simples:

Ainda há liberais?


P.S. - Justiça seja feita a Belmiro de Azevedo, que continua a ser coerente. Subscrevo o seu pensamento. Não haveria nenhuma desgraça se dois ou três bancos falissem.

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